domingo, 24 de março de 2013

A Química Dos Perfumes


O perfume não é uma simples substância que pode ser utilizada ocasionalmente para nos deixar mais perfumados e cheirosos, na verdade este importante produto pode influenciar nossas emoções e também nos trazer memórias do nosso passado.
No decorrer da história é possível deslumbrar as infinitas funções do perfume. Este era utilizado desde um processo de mumificação até um símbolo de destaque entre as classes mais favorecidas. Este precioso objeto que já foi utilizado por reis e rainhas, nos tempos atuais, é utilizado por cidadãos comuns, pois podemos ter acesso a esta relíquia facilmente.
A perfumaria é a arte que utiliza o maior número de matérias-primas diferentes. Hoje em dia, centenas de produtos naturais e milhares de produtos sintéticos são encontrados em diversas formulações de perfumes. As fontes de matérias primas sintéticas são as mais utilizadas devido a sua menor agressão aos animais e ao meio ambiente.
Estruturalmente falando, o perfume é formado de notas de cabeça (ou saída), corpo e fundo. Onde as matérias-primas estão relacionadas quanto a sua volatilidade, ou seja, nas notas de saída encontramos matérias-primas mais voláteis como a bergamota já nas notas de fundo encontrou matérias primas menos voláteis como, por exemplo, o cedro.
Atualmente, todo e qualquer perfume é feito baseado no público alvo a ser alcançado, pois cada perfume pertence a uma família olfativa, sendo esta uma classificação dada às composições criadas, levando se em consideração as matérias-primas que mais se destacam em termos de odor.

Índice
Introdução..............................4
A História dos Perfumes..............................5
Características e Classificação dos Perfumes..............................6
Processo Industrial..............................9
-Segmentos do Setor
-Principais Características
- Etapas Processo Produtivo
-Processos de Extração..............................12
Crescimento do Setor..............................19
Regulamentação Sanitária..............................20
Meio Ambiente..............................22
-Uso de Insumos
-Matérias Primas e Produtos Auxiliares
-Principais Interferências No Meio
-Resíduos
-Solventes Orgânicos
-Emissões Atmosféricas
Conclusão..............................28
Referencias Bibliográficas..............................29


Introdução
Este trabalho tem como finalidade apresentar a compreensão das origens das matérias-primas, de seus métodos de extração, da classificação olfativa adequada, processo de industrial de produção, regulamentação sanitária, relação do setor com mercado consumidor e meio ambiente.
A história do perfume está compreendida dentro da trajetória de desenvolvimento do homem e suas habilidades. E por diversas vezes, durante todo o decurso da perfumaria, esta contribui não somente para adquirirmos o poder de exalar cheiros agradáveis, mesmo sem sermos capazes de produzirmos internamente, mas foi apropriada para intentos como o estudo do combate às doenças, a conservação dos corpos e a higiene pessoal. Uma das funções do perfume, encontrada amplamente na sua biografia, é a utilização dele como fator determinante para atração e sedução de outro ser humano.
É perceptível, então, a variedade da perfumaria, que possibilita fixar fragrâncias incontáveis em seres vivos ou não, sejam ambientes, ou seja, vestimentas.
Um perfume carrega consigo também uma personalidade, faz alusões a sentimentos e às situações, pode favorecer emoções, por isso é fundamental o ajuste ideal da fragrância com o indivíduo e o momento correto. É curioso e necessário ressaltar que o odor de um perfume pode variar de pessoa para pessoa, pois existem propriedades individuais que influenciam diretamente como a temperatura corpórea e a característica de cada epiderme.
O perfume revela o quanto à natureza é benéfica e surpreendente, desde odores tão conhecidos como os da rosas até excêntricos como os de almíscar. E, dentro de cada classificação nas famílias olfativas como se verá adiante, há variações que se torna perceptível a riqueza e a diversidade da flora e da fauna.
A perfumaria, como não poderia deixar de ser, se favoreceu da tecnologia que cresce de maneira vertiginosa a cada dia. Com os avanços da química moderna, antes o que só era possível produzir de maneira natural e rudimentar, atualmente pode ser facilmente obtido em laboratórios extremamente equipados. Com isso novas técnicas, novas formulações, novas combinações e em grande escala começaram a ser produzidos, surgindo, então, empresas de renomado sucesso do ramo.
As empresas cosméticas, em geral, têm vislumbrado um mercado de consumidores cada vez mais ansiosos por novidades e pela busca exagerada da beleza. E claramente, a perfumaria tem seu espaço garantido dentro desse negócio, embora muitas vezes seja considerado um artigo de luxo, é algo cuja população tem fácil acesso, além de ser considerado um item clássico para presente.
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A História dos Perfumes
Os primeiros perfumes surgiram provavelmente associados a atos religiosos, há mais ou menos 800 mil anos, quando o homem descobriu o fogo. Os deuses eram homenageados com a oferenda de fumaça proveniente da queima de madeira e de folhas secas. Essa prática foi posteriormente incorporada pelos sacerdotes dos mais diversos cultos, que utilizavam folhas, madeira e materiais de origem animal como incenso, na crença de que a fumaça com cheiro adocicado levaria suas preces para os deuses.
O passo seguinte na evolução do emprego dos aromas foi sua apropriação pelas pessoas, para o uso particular, algo que provavelmente aconteceu entre os egípcios. Um avanço posterior foi a descoberta de que certas flores e outros materiais vegetais e animais, quando imersos em gordura ou óleo, deixavam nestes uma parte de seu princípio odorífero. Assim eram fabricados os ungüentos e os perfumes mencionados na Bíblia. A arte de extração de perfumes foi bastante aprimorada pelos árabes há cerca de mil anos. Eles faziam essas extrações a partir de flores maceradas, geralmente em água, obtendo ‘água de rosas’ e ‘água de violetas’, dentre outras. Com o advento do cristianismo, o uso dos perfumes como aditivo ao corpo foi banido, uma vez que estava associado a rituais pagãos.
Os árabes, no entanto, cuja religião não impunha as mesmas restrições foram os responsáveis pela perpetuação de seu uso. O ressurgimento da perfumaria no Ocidente deveu-se aos mercadores que viajavam às Índias em busca de especiarias. Outra contribuição significativa foi a das Cruzadas: retornando à Europa, os cruzados trouxeram toda a arte e a habilidade da perfumaria oriental, além de informações relacionadas às fontes de gomas, óleos e substâncias odoríferas exóticas como jasmim, ilangue-ilangue,almíscar e sândalo. Já no final do século XIII, Paris tornara-se a capital mundial do perfume. Até hoje, muitos dos melhores perfumes provêm da França. Já as águas de colônia clássicas têm menos de 200 anos, sendo originárias da cidade de Colônia, na Alemanha.
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Características e Classificação dos Perfumes
Um perfume é, quimicamente falando, um material – porção de matéria com mais de uma substância (mistura de substâncias). A análise química dos perfumes mostra que eles são uma mistura complexa de compostos orgânicos denominados fragrâncias (odores básicos) (Dias & Silva, 1996). Segundo Comitê Francês do Perfume, os perfumes classificam-se em sete grupos fundamentais (Gigi Perfumes, 2007):A perfumaria utiliza uma grande variedade de matérias-primas que são encontradas em diversas partes do mundo, mas muitas vezes são raras e difíceis de encontrar. Quanto mais específica e difícil for de encontrar a matéria-prima maior é o valor do produto (mais caro). As matérias-primas dos perfumes são muito variadas e numerosas. Atualmente existem centenas de produtos naturais e milhares de produtos sintéticos utilizados pelas perfumarias. Apresentamos de seguida, apenas uma lista de algumas matérias-primas mais utilizadas na indústria do perfume, bem como os locais onde se encontram:
Flores:
· Jasmim: A mais usada nos grandes perfumes. São necessários 600 kg de flores de jasmim (mais ou menos 5 milhões de flores) colhidas uma a uma ao amanhecer para obter 1 kg de essência de jasmim. Local: Grasse (França) e África do Norte.
· Rosa: É necessário distinguir a Rosa da Bulgária da Rosa de Maio (cultivada em Grasse - França). É da combinação de das duas que se obtém a fragrância mais suave da rosa.
· Flor de Laranjeira: Cuja essência chama-se Neroli. Local: Provence (França), Itália e Egipto.
· Tuberosa: Fragrância que faz lembrar a flor do Lírio.
· Ylang-Ylang: O nome significa “flor das flores”. Local: Índia.
· Lavanda: Haute Provence (França).
Grãos:
· Coentro: Países Mediterrâneos.
· Fava Tonka: Venezuela.
· Ambrete: Vem do âmbar. Local: Índia e Antilhas.
· Petit grain: Provêm das folhas de laranja azeda. Local: Itália.
Folhas:
Patchouli: Indonésia.
Ervas aromáticas:
· Tomilho.
· Menta.
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Cítricos:
São a base das notas Hesperidees:
· Laranja: Espanha e Flórida.
· Limão: Itália e Califórnia.
· Bergamota: Calábria (Itália) e Costa do Marfim.
· Tangerina: Itália.
Resinas:
Na origem das notas Balsâmicas:
· Mirra do Oriente.
· Opopanax da Abissínia.
· Benjoim do Sião.
· Galbano da Pérsia.
Raízes:
· Vetiver: Java.




Produtos de origem incomum:
· Âmbar Gris: Âmbar à Secreção rejeitada pelo cachalote e recolhidas nas águas do Oceano Índico e ao longo da Costa do Peru.
· Musk (almíscar): Provém de uma glândula da cabra do Tibete. Local: Himalaia.
· Civete: Extraído do gato selvagem da Abissínia.
O sistema moderno de classificação das fragrâncias engloba um total de 14 grupos, organizados segundo a volatilidade de seus componentes: cítrica (limão), lavanda, ervas (hortelã), aldeídica, verde (jacinto), frutas (pêssego), florais (jasmim), especiarias (cravo), madeira (sândalo), couro (resina de vidoeiro), animal (algália), almíscar, âmbar (incenso) e baunilha. A classificação dessas fragrâncias segue sua volatilidade.
Os perfumes têm em sua composição uma combinação de fragrâncias distribuídas segundo o que os perfumistas denominam de notas de um perfume. Assim, um bom perfume possui três notas:
NOTA DE TOPO (ou DE SAÍDA): são as essências que tem uma volatilidade maior e representam de 10 a 20 % do total de essências. Elas são responsáveis pela primeira impressão (o impacto) do perfume, é o cheiro percebido quando o frasco de perfume é aberto. A escolha da composição da note de topo é muito importante, pois geralmente é ela a responsável pela aceitação ou não do produto. A durabilidade da nota de topo varia, mas geralmente é de aproximadamente um 10 minutos.
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NOTA DE CORPO (ou DE MEIO): é considerado o “caráter”, o “coração” do perfume. São as moléculas que melhor caracterizam, sendo responsáveis pelo reconhecimento do perfume. Elas compõem 40 % da essência e por terem uma volatilidade permanecem mais tempo na pele, tendo uma duração de 15 minutos a 4 horas.NOTA DE FUNDO: é a parte final de um perfume, sendo a porção residual. É formada por moléculas pesadas, com uma volatilidade menor, responsáveis pela fixação do odor do perfume na pele. Sim! A nota de fundo é o FIXADOR e o fixador também é uma essência! Ao contrário do que algumas pessoas pensam o fixador não é apenas uma substância que mantém o cheiro do perfume por mais tempo, e sim uma essência que além de aumentar a duração das demais notas, ainda em um papel importante na composição do aroma final do perfume. A nota de fundo representa os 40 % finas da quantidade de essência e pode chegar a durar 8 horas na pele (e até mais tempo nas roupas!).
Os químicos já identificaram cerca de três mil óleos essenciais, sendo que cerca de 150 são importantes como ingredientes de perfumes. Para que possam ser usados com esse fim, os óleos essenciais devem ser separados do resto da planta. As técnicas usadas para isso baseiam-se em suas diferenças de solubilidade, volatilidade e temperatura de ebulição.
A extração por solventes, por exemplo, utiliza o solvente éter de petróleo (uma mistura de hidrocarbonetos) para extrair óleos essenciais de flores. Já o óleo de eucalipto pode ser separado das folhas passando através delas uma corrente de vapor de água (destilação por arraste de vapor).
Uma vez obtido um óleo essencial, a análise química permite identificar quantos e quais componentes estão presentes. Antes do advento das técnicas modernas de análise de óleos essenciais (cromatografia a gás, espectrometria de massa, ressonância magnética nuclear, espectroscopia de infravermelho etc.), os químicos identificavam quase exclusivamente o componente principal de um óleo essencial. Hoje, é possível identificar todos os componentes de um óleo, mesmo aqueles que estão presentes em quantidades mínimas. Alguns óleos essenciais chegam a ter mais de 30 componentes.
Uma vez identificados os componentes de um óleo essencial, os químicos podem fabricá-los sinteticamente e torná-los mais baratos. Outra possibilidade é a síntese de novos compostos com aroma similar ao produto natural, porém com estruturas totalmente diferentes.
A grande maioria das fragrâncias usadas hoje em dia é fabricada em laboratório. Os produtos sintéticos são usados para aromatizar produtos de limpeza (sabões, detergentes, amaciantes de roupas) e produtos de higiene pessoal (talcos, desodorantes), e para criar ilusões, como deixar o plástico dos assentos de automóveis com cheiro de couro.
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Os produtos sintéticos talvez nunca substituam completamente os naturais.
Os perfumes mais caros usam os produtos sintéticos apenas para acentuar o aroma dos óleos naturais. Para alguns óleos, como o patchouli e o de sândalo, os químicos ainda não encontraram substitutos satisfatórios. Uma grande contribuição da química sintética tem sido sem sombra de dúvida, a possibilidade de preservação de certas espécies animais e vegetais que corriam o risco de extinção devido à procura desenfreada de óleos essenciais. Outra contribuição é o barateamento dos perfumes, permitindo seu uso por uma fatia mais ampla da população.
A concentração de uma fragrância pode ser classificada de acordo com a quantidade de óleos aromáticos diluídos no(s) solvente(s), que mais comumente são o etanol e a água:
  • Parfum: 20% a 40% de compostos aromáticos
  • Eau de parfum: 10% a 20% de compostos aromáticos
  • Eau de toilette: 5% a 10% de compostos aromáticos
  • Eau de cologne (ou água de colônia): 2% a 5% de compostos aromáticos
Processo Industrial
Segmentos do Setor
Dada a diversidade de utilização e de produtos, o setor pode ser subdividido em três segmentos básicos:
• Higiene Pessoal: englobam sabonetes, produtos para higiene oral, desodorantes axilares e corporais, talcos, produtos para higiene capilar e produtos para barbear. Também estão contidos nesse segmento absorventes, papéis higiênicos e fraldas descartáveis.
• Cosméticos: constituído por produtos para coloração, tratamento, fixação e modelagem capilar, maquiagem, protetores solares, cremes, loções para a pele e depilatórios.
Entretanto, tais produtos não serão contemplados no presente trabalho em função das características diferenciadas de seus processos produtivos, ficando enfatizado apenas o setor de perfumaria.
Principais Características
Apesar da diversidade, os produtos citados são obtidos por processos fabris caracterizados por:
Baixo consumo de energia: grande parte dos processos é realizada à temperatura ambiente. Aqueles que necessitam de aquecimento são feitos por curto período de tempo, atingindo uma temperatura máxima de 80° C, em função da característica da maioria das matérias-primas, que se degradam quando expostas a temperaturas superiores. A quase totalidade dos produtos possui seus procedimentos de envase à temperatura ambiente.
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Grande consumo de água: é considerada, em termos de quantidade, como uma das principais matérias-primas na fabricação de produtos de higiene pessoal, perfumaria e cosméticos. Além da incorporação em muitos produtos, a água também é utilizada em sistemas de resfriamento, na geração de vapor, bem como em procedimentos de limpeza e sanitização de máquinas, equipamentos, tubulações de transferência e mangueiras.
  • Produção por batelada: é a produção de forma descontínua (processo pelo qual as matérias-primas adicionadas são convertidas em produto final), em uma determinada quantidade, num prazo de tempo determinado, o que implicam variáveis a serem controladas de uma batelada para outra. É utilizada, principalmente, em função da diversidade de produtos e das quantidades necessárias para suprir a demanda de mercado.
Etapas do Processo Produtivo
As atividades relacionadas ao recebimento, armazenagem, separação e pesagem de matérias-primas, além de suas análises físico-químicas e organolépticas (para fins de controle de qualidade, quando aplicável), ao envase, embalagem, armazenamento e expedição de produto acabado são consideradas comuns na obtenção de todos os produtos.
• Recebimento de matérias-primas: verificação do material recebido, por amostragem e análises. Eventuais desconformidades identificadas podem levar à devolução dos compostos aos respectivos fornecedores.
• Armazenagem: estoque de matérias-primas, embalagens para os produtos acabados e demais insumos normalmente recebidos em recipientes retornáveis. Pode haver segregação de produtos, por razões de compatibilidade, bem como necessidade de condições especiais de conservação, como, por exemplo, refrigeração.
• Pesagem e separação de matérias-primas para produção do lote: para cada produto a ser obtido, as matérias-primas são previamente separadas e pesadas de acordo com as quantidades necessárias, e encaminhadas à produção. Os insumos recebidos a granel e estocados em tanques ou silos podem ser conduzidos ao setor produtivo por linhas de distribuição, dependendo do nível tecnológico da empresa.
• Produção: em função da diversidade de produtos e das peculiaridades verificadas em seus processos produtivos, para essa etapa foram desenvolvidos fluxogramas específicos por tipo ou grupo de produtos que envolvam operações similares.
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• Análises: uma vez finalizado, o lote produzido é amostrado e submetido a análises físico-químicas e microbiológicas (quando aplicável), e, após atestada sua adequação, este é encaminhado para envase/embalagem. Nos casos em que o produto acabado não está de acordo com os padrões estabelecidos, o lote poderá ser reprocessado a fim de atender às exigências/padrão de qualidade e reaproveitado na fabricação de outros produtos ou descartado.
• Envase/Embalagem: confirmada a adequação do produto, o mesmo é acondicionado em recipientes apropriados e identificados. Esta etapa engloba o acondicionamento de produtos em frascos (plásticos ou de vidro), sacos, bisnagas ou o empacotamento, no caso de sabonetes, por exemplo. Uma vez embalado, o produto é identificado por rótulo ou impressão.
Armazenamento de produtos acabados: o produto, já acondicionado em embalagem para comercialização, é encaminhado para a área de armazenamento, onde permanece até que seja enviado ao cliente.
• Expedição: ponto de saída dos produtos acabados para o comércio.

Figura 01-Etapa Processo de Produção Simplificado
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Processo de Extração Óleos Essenciais
Os óleos essenciais são substâncias naturais, aromáticas e voláteis que possuem inúmeras funções dependendo da sua localização na planta. Serão apresentados alguns dos métodos de extração tais como,Enfleurage,arrastamento de vapor d’água, Extração com solventes voláteis,headspace,CO2 Supercrítico.

Enfleurage

Geralmente usado em pétalas de flores que tem compostos sensíveis demais para usar outros métodos, e que tem uma quantidade pequena de óleos essenciais.
O método:
Na enfleurage são utilizadas flores frescas que tem baixo teor de óleos essenciais e que são extremamente delicadas, ao ponto de não poderem ser usadas outros métodos mais práticos, como arraste por vapor d'água. Algumas dessas flores, como é caso do jasmim, podem continuar a produzir seu perfume até 24 horas depois de retiradas da planta.
O método propriamente dito consiste basicamente em colocar tais pétalas em um chassi, que é uma armação com placa de vidro, recoberta de gordura e compostos preservativos por ambos os lados. Estas placas são postas umas sobre as outras, de modo a evitar o contato direto com o ar atmosférico. As pétalas são substituídas por outras frescas por um período que pode variar conforme o caso, mas usualmente tende a ser 24 horas.
Após 8 a 10 semanas, a gordura chega a seu ponto de saturação em relação aos óleos das flores. Com isso, esta é removida e sofre uma extração por álcool, aproveitando-se do princípio de maior solubilidade neste solvente, para a recuperação do perfume. Esta solução é resfriada para remoção da pequena quantidade de gordura dissolvida, e recebe após isso o nome de "extrato" das flores. Este passa por um processo de destilação, visando finalmente separar o solvente dos óleos essenciais desejados.
No Brasil
A técnica foi gradualmente substituída por processos industriais mais produtivos, baratos e de melhor rendimento. Mas O Boticário apostou nela e, em parceria com a Unicamp, modernizou-a, substituindo a gordura animal pela de origem vegetal (mais de acordo com os valores da empresa) e instalou um espaço exclusivo em seu parque industrial, destinado exclusivamente à obtenção do óleo essencial, a exemplo do que faziam os antigos perfumistas.
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Neste espaço, profissionais treinados extraem, de forma artesanal a essência absoluta dos Lírios Stargazer, vindos de Holambra , maior região produtora de flores do Brasil, que está produzindo, pela primeira vez, especialmente para o processo de enfleurage. A técnica do enfourage de lírios foi utilizada para torná-los parte essencial da fragrância cujas notas buscam essencialmente a feminilidade, a elegância, a sofisticação. As notas de saída trazem um frescor especiado, com mandarina, Pêra, Pêssego, Damasco e Pimenta Rosa. As notas de corpo são essencialmente florais: Osmanthus, Gardênia, Jasmin, Rosa, Violeta, Lírio, Íris e Narciso. As notas de fundo combinam notas amadeiradas de Sândalo, Musgo, Vanilla, Patchouli, Vetiver e Âmbar. Lily Essence de acordo com a empresa, é uma fragrância considerada uma eau de parfum, ou seja, um perfume que contém óleos essenciais raros e caros, que permitem uma perfumação única e prolongada.
Figura 02 – Perfume Lily Essence – Boticário,produzido pelo método de Enfleurage

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Arraste por vapor d'água

Geralmente usado em folhas e ervas, mas nem sempre é indicado para extrair-se o óleo essencial de sementes, raízes, madeiras e algumas flores, porque devido as altas pressões e temperaturas empregadas no processo as frágeis moléculas aromáticas podem perder seus princípios ativos.
O método:
A destilação a vapor é o mais comum método de extração de óleos essenciais. Esta é feita em um alambique, onde partes da planta frescas ou secas são colocadas.
Quando as substâncias a serem separadas não são solúveis em água, além de uma delas ser ligeiramente volátil e as outras fixas ou para o caso de que uma das substâncias a ser destilada se decomponha com ação direta do calor, ou seja, apresente sensibilidade térmica. A partir de o desenho a seguir, pode-se observar que com o vapor d água, gerado no primeiro balão do equipamento, pode-se extrair a substância mais volátil da mistura (que se encontra no segundo balão). O resultado do processo (o destilado) é uma mistura formada por água e a substância mais volátil (que podem ser separadas através da decantação por serem imiscíveis).

Figura 03 – Modelo método por arraste de vapor de água.
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Extração com solventes voláteis

Geralmente usado em delicadas plantas, para óleos usados em perfumaria e cosméticos.
O método:
As plantas são imersas em um solvente químico adequado (pode ser utilizado a cetona, hexano ou qualquer derivado do petróleo) usado para extrair os compostos aromáticos da planta. Fornecendo um produto denominado concreto. O concreto pode ser dissolvido em álcool de cereais para remoção dos solventes. Com a evaporação do álcool temos o absoluto.
No processo de extração do concreto não só se obtém óleo essencial, mas também ceras, parafinas, gorduras e pigmentos. O concreto apresenta uma consistência pastosa. Já absoluto não é somente sujeito a uma limpeza dos solventes empregados, assim como de obter uma mistura mais purificada de ceras, parafinas e substâncias gordurosas presentes, o que leva o produto final ter uma consistência mais líquida. O teor de solvente no produto final varia de 1% a 6%.
Apesar de o rendimento ser bem maior e o custo benefício bem maior que o da enfleurage, os óleos obtidos por extração a solvente apresentam resíduos de solvente no final do seu processo, e podem apresentar efeitos colaterais dependendo do solvente empregado. Por isso absolutos e concretos costumam ser usados para perfumaria e cosmética.

Figura 04 -Aparelho de destilação tipo Clevenger
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Exemplo de Solvente:
Hexano

Figura 05 – Formula estrutural do hexaxo
Este solvente permite a obtenção de substâncias de várias partes das plantas, como botões e folhas frescas. As plantas são colocadas no extrator e passam por uma seqüência de lavagens com solventes. A mistura de extrato e solvente é então concentrada e parcialmente destilada originando um produto chamado concreto. Este por sua vez pode ser dissolvido em álcool de cereais para remover o solvente. Com a evaporação do álcool, obtemos um precioso absoluto.
No processo de extração do concreto obtém-se não somente o perfume, mas também ceras, parafinas, gorduras e pigmentos. Neste caso o concreto acaba tendo uma constituição pastosa. Todavia na extração do absoluto, além de ocorrer uma limpeza dos solventes anteriormente empregados, tem-se uma purificação na mistura das ceras, parafinas e substâncias gordurosas presentes, o que leva o produto final a ter uma consistência mais líquida. O teor de solvente no produto final pode variar de menos de 1% até 6%. (FERNANDES et al, 2002)
Uma dificuldade que pode ocorrer na extração é a formação de emulsão, que é a suspensão coloidal de um líquido em outro. Gotas de um solvente orgânico freqüentemente são mantidas em suspensão em uma solução aquosa, quando os dois são misturados vigorosamente e formam uma emulsão, além do mais quando materiais viscosos estão presentes na solução. A presença de emulsão interfere na extração, prolongando o tempo para a separação de fases, mas é possível evitar a sua formação através de uma extração mais branda, suave e sem agitação, apenas girando o funil e com a adição de solução saturada de cloreto de sódio. Para finalizar este processo, utiliza-se a filtração por gravidade. (FERNANDES et al, 2002)

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CO2 Supercrítico
Geralmente usado em extração de óleos essenciais de frutas cítricas como bergamota, laranja, limão e toranja.
O método:
As partes das plantas a serem extraídas são colocadas em um tanque onde é injetado dióxido de carbono supercrítico, isto ocorre a extrema pressão de 200 atmosferas e temperaturas superiores de 31°C. Nessa pressão e temperatura o CO2 atinge o que seria um quarto estado físico, no qual a sua viscosidade é semelhante a de um gás, mas a sua capacidade de solubilidade é elevada como se fosse um líquido.
Uma vez efetuada a extração faz-se com que a pressão diminua e o gás carbônico volta ao estado gasoso, não deixando qualquer resíduo de solvente. A grande solubilidade e a eficiência na separação tornam o CO2 supercrítico mais indicado para ser utilizado na indústria do que solventes orgânicos.
Figura 06- Modelo processo extração de óleos essenciais de frutas cítricas.
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Headspace
Este método consiste em absorver alguns microgramas de moléculas responsáveis pela produção de odores, seja de uma flor, folhas, cascas ou até mesmo de cenários olfativos como cheiros de uma floresta. O material coletado passa por diversas leituras químicas através de técnicas como cromatografia gasosa, espectrometria de massas e outros, que identificam as moléculas responsáveis por criar aquela identidade olfativa. (BEHAN, 1996)
Quando as flores são tratadas usando técnicas tradicionais de extração tais como a destilação a vapor ou a extração por solventes orgânicos, as substâncias obtidas são diferentes da fragrância original, isto é, distante do cheiro da flor viva. Quando os métodos do headspace são usados, as moléculas odoríferas são desprendidas da flor cortada e são transportadas por uma corrente de gás, antes mesmo de serem concentradas em um absorvente apropriado, tal como o carbono ativo ou um polímero orgânico. Em seguida são feitas análises no aparelho cromatográfico. O uso destes métodos não causa nenhum dano às plantas, deste modo garante certa segurança para se trabalhar com espécies raras. (VUILLEUMIER; FLAMENT; SAUVEGRAIN, 2007)
Em SO principal atributo do headspace é a possibilidade da determinação de componentes voláteis da amostra a ser estudada de forma direta, ou seja, sem muitas etapas de reação. Além disso, o headspace torna-se importante e muito eficiente, pois possibilita a introdução da amostra sem pré-tratamento no cromatográfo a gás. Isto se torna mais crítico principalmente devido à baixa precisão dos detectores cromatográficos e a indesejável contaminação da coluna por resíduos não-voláteis. (VUILLEUMIER; FLAMENT; SAUVEGRAIN, 2007)
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Crescimento do Setor
A diversidade empresarial é marcante no setor cosmético, no qual se verifica a presença de grandes empresas tanto nacionais como internacionais, diversificadas ou especializadas nas diversas categorias de produtos do setor de higiene pessoal, perfumaria e cosméticos. Esta diversidade também é confirmada com a presença de um grande número de pequenas e médias empresas com atuação focalizada em categorias específicas de produtos do setor.
As pequenas e médias empresas atuam, principalmente, em função da simplicidade da base técnica de alguns processos de manufatura, que se caracterizam pela manipulação de fórmulas relativamente simples, o que torna comum encontrar exemplos de empresas de cosméticos que se desenvolveram a partir de um negócio de farmácia de manipulação.
Geralmente, as linhas de produção em grande escala apresentam maior diversidade de categorias em sua manufatura, como, por exemplo, a produção de perfumes, xampus, maquiagem, esmaltes, tinturas, produtos destinados ao uso infantil, e outros. São raros os casos, pelo menos entre as maiores empresas, de especialização exclusiva na produção de apenas uma categoria, uma vez que existem heterogeneidade e diversidade marcantes de produtos no setor.
O relacionamento estabelecido pelas indústrias de cosméticos com seus fornecedores e matérias-primas, de produtos semi-acabados e de embalagens necessita assegurar sustentabilidade ao negócio (preço, qualidade, proteção ambiental e responsabilidade social). Assim como em outros setores industriais, esta cadeia de fornecimento apresenta uma interdependência com os processos anteriores à manufatura na própria fábrica e o desempenho do produto final. Em função disto, ao estabelecer as parcerias para fornecimento desses materiais, deve-se avaliar cuidadosamente a cadeia de fornecimento, como já fazem as indústrias químicas e farmacêuticas, entre outras.
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e da Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec) mostram que enquanto o PIB do País e das indústrias gerais em 2008 cresceu, respectivamente,5,1% e 4,3%, o das indústrias de cosméticos bateu 7,1%.
Segundo a Abihpec, a maior participação feminina no mercado de trabalho, os lançamentos constantes de produtos e a utilização de tecnologia de ponta nas indústrias de higiene pessoal, perfumaria e cosmética são alguns fatores que explicam o bom resultado do setor, que faz com que haja aumento da produção e conseqüente venda de produtos com preços mais competitivos.
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O Brasil é o terceiro mercado de cosméticos no mundo, perdendo apenas para Japão e Estados Unidos. Dentro do setor, uma linha ganha força: a de matérias-primas de produtos naturais e orgânicos. Uma projeção da Organic Monitor (consultoria de negócios e pesquisa especializada em produtos orgânicos) aponta para o fato de que atualmente o consumo destes produtos é de 4%, mas que em 2012 poderá chegar aos 10%
Regulamentação Sanitária
Segundo a legislação sanitária brasileira, os produtos de higiene pessoal, perfumaria e cosméticos são definidos e regulados quanto à forma e finalidade de uso pela Lei 6360 de 23 de setembro de 1976 e suas atualizações, que dispõe sobre a vigilância sanitária a que estão sujeitos estes produtos, regulamentada pelo Decreto Lei 79094 de 5 de janeiro de 1977 e outras normas específicas vigentes.
A ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária foi criada com a finalidade de regulamentar, controlar e fiscalizar produtos, substâncias e serviços de interesse para a saúde, o que inclui produtos cosméticos. A ANVISA publicou em 28 de agosto de 2000, a Resolução nº 79, de forma a compatibilizar os regulamentos nacionais com os instrumentos harmonizados no âmbito do Mercosul (GMC- 110/94), adotando-se como definição de cosméticos, produtos de higiene e perfumes:
“Preparações constituídas por substâncias naturais ou sintéticas, de uso externo nas diversas partes do corpo humano, pele, sistema capilar, unhas, lábios, órgãos genitais externos, dentes e membranas mucosas da cavidade oral, com objetivo exclusivo ou principal de limpá-los, perfumá-los, alterar sua aparência e/ou corrigir odores corporais e/ou protegê-los ou ainda mantê-los em bom estado”.
Cuidados e orientações na compra e no uso de cosméticos
  • Ao adquirir produtos cosméticos, verifique se eles possuem registro na ANVISA/Ministério da Saúde. O número de registro de produtos cosméticos inicia-se com o número dois e pode ter nove ou 13 dígitos. Alguns produtos de menor risco não possuem número de registro, mas estão notificados na ANVISA e trazem na rotulagem a seguinte informação: Res. ANVISA 343/05, seguida do número de Autorização de Funcionamento da Empresa, que também começa com o número 2.
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  • Só adquira produtos cuja embalagem esteja limpa e em bom estado. Não utilize cosméticos com prazo de validade vencido. Eles podem não produzir o efeito desejado e prejudicar a saúde.
  • Leia atentamente todas as informações da rotulagem. Sempre observe as advertências e restrições de uso. Faça a prova de toque (quando indicado na rotulagem) seguindo as instruções de uso para verificar se o produto provoca alguma alergia ou irritação.
  • Caso haja contato do produto com os olhos, lave-os imediatamente com água corrente e procure orientação médica. No caso de ingestão do produto, um médico deverá ser consultado.
  • Sentindo-se mal ou com irritação no local de aplicação do produto, interrompa o uso, lave imediatamente o local da aplicação com água corrente e procure orientação médica.
  • Cuidado com o uso de cosméticos em crianças. Utilize somente as linhas infantis devidamente registradas na ANVISA.
  • Caso você desenvolva alguma irritação, alergia ou outra reação indesejada, entre em contato com o SAC da empresa e informe o ocorrido. Por isso, recomenda-se guardar a embalagem do produto após o uso. É importante também comunicar a ANVISA, por meio do e-mail cosmeticos@anvisa.gov.br, anexando à mensagem o formulário preenchido, disponível no link  http://www.anvisa.gov.br/hotsite/notivisa/formularios.htm
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Meio Ambiente
A cada aspecto ambiental mencionado está associado pelo menos um impacto ambiental, que pode ser definido como qualquer alteração das propriedades físico-químicas e/ou biológicas do meio ambiente, devida a qualquer forma de matéria ou energia gerada por atividades humanas.
A seguir, estão apontados os principais impactos que podem ser provenientes de atividades das empresas do setor de cosméticos e são discutidas as relações de causa e efeito entre os processos produtivos e o meio ambiente.
Uso de Insumos
  • Água
A utilização de água no setor se dá em larga escala e para diversos fins. Considerável parcela é incorporada ao produto, parte é empregada nas operações de limpeza e lavagem de máquinas, equipamentos e instalações industriais, além do uso na área de utilidades e manutenção, tais como em sistemas de aquecimento e refrigeração.
O uso de recursos hídricos subterrâneos tem sido a alternativa mais atraente para a indústria. No entanto, a exploração desregrada tem levado à crescente degradação das reservas, apontando para a urgência do desenvolvimento de uma política de exploração racional desses recursos. A diminuição (rebaixamento) do nível dos aqüíferos subterrâneos, pela perfuração exagerada ou exploração excessiva de poços já existentes, gradativamente levam a um aumento dos custos de bombeamento, diminuição do rendimento da operação, afundamento (recalque) de terrenos e, em casos extremos, à exaustão dos aqüíferos. É necessário conscientizar os usuários quanto a formas de minimizar o consumo de água não apenas na planta produtiva, mas também nas práticas cotidianas de cada indivíduo.
  • Energia
O setor de cosméticos não é grande consumidor de energia, devido às próprias características de seus processos produtivos, nos quais a maioria das etapas é realizada à temperatura ambiente. Determinados produtos, no entanto, são obtidos a partir de operações que necessitam de aquecimento. Deve-se considerar o consumo de eletricidade por máquinas e/ou equipamentos como motores, bombas, misturadores e outros equipamentos.
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É comum o uso de caldeiras alimentadas por óleo combustível e, nesses casos, é essencial o controle rígido da queima, de modo a minimizar as emissões de monóxido de carbono, óxidos de enxofre (SOx) e material particulado para a atmosfera. O emprego do gás natural, considerado mais adequado ambientalmente e de custo razoável, também demanda medidas de controle das emissões. Por fim, é possível citar a utilização de caldeiras elétricas que podem ser chamadas de caldeiras “limpas”, mas que necessitam de grande quantidade de energias a alto custo. Além do controle rígido da eficiência de queima da caldeira, é importante atentar para os resíduos resultantes de sua operação e manutenção (borras oleosas, estopas sujas, incrustações da parede da caldeira, embalagens de combustível, entre outros), pois sua disposição final pode depender de autorização específica do Órgão de Controle Ambiental competente.
Algumas operações exigem rápido resfriamento, sendo necessário o uso de unidades de refrigeração de alta capacidade (chillers), que consomem energia elétrica e por vezes são muito onerosas, devendo também ser consideradas.
Matérias - primas e Produtos Auxiliares
O conjunto de matérias-primas e produtos auxiliares empregados pelo setor é extremamente variado:
• água, detergentes, emulsificantes, ésteres de ácidos graxos;
• polímeros (PEG), sais quaternários de amônio;
• corantes, pigmentos, solventes orgânicos;
• álcalis (como soda e potassa), conservantes (como metilparabeno, propilparabeno e formol) e peróxido de hidrogênio;
• óleos essenciais e outros.
Várias dessas substâncias apresentam propriedades tóxicas, irritantes e/ou corrosivas, o que torna essencial o conhecimento de seus efeitos potenciais sobre a saúde humana e o meio ambiente, assim como sobre os procedimentos emergenciais em caso de derramamentos acidentais, contaminações ou intoxicações. Embora não seja objeto deste manual, é importante chamar a atenção para os riscos ocupacionais associados ao recebimento, transferência e manuseio de muitas destas substâncias e para a importância do uso de equipamentos de proteção individual (EPI’s) e coletiva (EPC’s).
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Principais Interferências no Meio
Os principais impactos ambientais do setor podem estar associados tanto ao processo produtivo, como à geração de efluentes, ao próprio uso dos produtos ou mesmo à geração de resíduos de embalagem pós-uso.
Efluentes Líquidos
A geração de quantidades significativas de efluentes líquidos depende basicamente da freqüência de realização das operações de lavagem e limpeza, e da maneira como estas são realizadas.
Em relação à composição destes efluentes, há variações significativas entre os resultados analíticos de diferentes empresas para os mesmos parâmetros, que podem ser atribuídas principalmente à diversidade de matérias-primas envolvidas para a obtenção dos produtos e, também, às diferentes quantidades de água utilizada nas operações.
Embora a composição dos efluentes do setor varie em função do tipo de produto elaborado,pode-se apontar alguns componentes normalmente presentes que, de modo geral, podem ocorrer em concentrações acima das permitidas em legislação especifica para lançamento sem tratamento prévio.
Dentre estes, podem ser citados os seguintes poluentes e efeitos adversos associados:
• Óleos e graxas: a pequena solubilidade dos óleos e graxas prejudica sua degradação em estações de tratamento de efluentes por processos biológicos e, quando presentes em mananciais utilizados para abastecimento público, podem causar problemas no tratamento d’água, além de impedir a transferência do oxigênio da atmosfera para o meio hídrico, trazendo problemas à vida aquática.
• Despejos amoniacais: são tóxicos e tendem a alcalinizar o meio líquido, necessitando de neutralização antes do lançamento.
• Tensoativos: apesar de não apresentarem alta toxicidade, são resistentes à
biodegradação. Suas propriedades lipossolventes lhes conferem efeito bactericida, prejudicando processos biológicos importantes ao bom funcionamento dos ecossistemas aquáticos.
A legislação ambiental estabelece que os despejos industriais devam ser tratados, de modo que as características físico-químicas dos efluentes estejam de acordo com os padrões. Muitos estados possuem legislação própria. No Estado de São Paulo, o lançamento de efluentes industriais é regulamentado pelo Decreto 8468/76. Em geral, quando o Estado possui regulamentação além da Federal, é exigido o atendimento aos padrões mais restritivos.
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Enriquecimento do meio aquático com nutrientes, sobretudo compostos de nitrogênio e/ou fósforo, que provocam o crescimento acelerado de algas e formas superiores de plantas aquáticas, perturbando o equilíbrio biológico e a qualidade das águas.
Em relação ao conteúdo destas leis, existem dois tipos de padrões: de emissão (ou lançamento) e de qualidade. O primeiro regulamenta a máxima concentração de cada poluente que será permitida no efluente lançado (seja em corpos d’água ou rede coletora de esgoto), enquanto que o segundo determina as concentrações máximas desses poluentes para cada classe de corpo d’água.
Quando lançado em corpos d’água, o efluente final deverá, simultaneamente, atender a ambos os padrões de emissão e qualidade, apresentando características aceitáveis para o lançamento e de forma a garantir que o corpo d’água mantenha seu enquadramento, conforme estipulado na resolução CONAMA nº 357/05, para águas doces, salinas e salobras.
Resíduos
O desenvolvimento das atividades do setor de cosméticos pode gerar resíduos em diversas operações e com características diversas, tais como sobras de produtos, produtos fora de especificação ou com prazo de validade vencido, material retido em sistema de controle de poluição atmosférica (filtros, ciclones etc), sólidos grosseiros e lodos gerados no sistema de tratamento de efluentes, restos de embalagens, r, resíduos de varrição de piso, resíduos de sanitários, resíduos de escritórios e resíduos de refeitório, entre outros.
De acordo com suas características e composição, os resíduos serão classificados pelos critérios estabelecidos na Norma ABNT – NBR10004/2004 e, em função desta classificação, serão adotados os procedimentos adequados relativos às condições de acondicionamento, armazenamento e disposição. Esta classificação envolve a realização de análises e testes, como os de lixiviação e solubilização.
Independentemente de sua classificação, deverá ser dada prioridade à minimização da geração e ao reaproveitamento dos resíduos, dentro ou fora do processo industrial, Entretanto, quando essa alternativa torna-se inviável técnica ou economicamente, os resíduos deverão ser encaminhados a unidades regularizadas de tratamento ou disposição, tais como incineradores e aterros, mediante análise e autorização prévia do Órgão Ambiental competente.
A esse respeito, é altamente recomendável a consulta freqüente e a adequação, sempre que necessário, às normas e legislação pertinentes vigentes.
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Embalagens
A geração de resíduos de embalagens é um dos impactos mais significativos do setor, considerada a variabilidade de tipos de caixas de papel/papelão, frascos, potes, sacos ou galões plásticos, tambores, latas, rótulos e afins, utilizados em grandes quantidades para o acondicionamento de matérias-primas e produtos. Trata-se de uma questão complexa, uma vez que a geração ocorre durante o processo produtivo e também no pós-consumo.
A disposição inadequada de embalagens de matérias-primas e produtos auxiliares, bem como daquelas rejeitadas no envase, normalmente com restos de produtos, pode causar sérios danos ambientais pelo potencial de contaminação do solo e das águas subterrâneas que representam. Em vários casos é viável o retorno desses recipientes aos fornecedores, no entanto, muitas vezes o que ocorre é o seu encaminhamento a aterros industriais, com conseqüências ambientais em longo prazo pela difícil reincorporarão à natureza, pelo espaço que ocuparão durante anos e pela alteração da qualidade do solo e da água que poderão ocasionar.
Nos casos em que é possível reutilizar ou reciclar, é aconselhável que a indústria atente para que suas embalagens sejam encaminhadas a empresas regulamentadas pela autoridade ambiental, para que haja garantia de que as operações envolvidas sejam realizadas de formam a garantir a integridade do meio ambiente.
A disposição inadequada destes resíduos pode provocar efeitos graves no ambiente, como, por exemplo, a contaminação do solo e das águas subterrâneas, sendo, portanto necessária a avaliação de suas características em laboratório, para posterior avaliação do órgão ambiental competente dos tipos de alternativas de disposição do mesmo.
Solventes Orgânicos
Os solventes orgânicos são usados em geral como desengordurastes, solventes de uso geral (limpeza), entre outros. Na forma pura, apresentam-se como líquidos incolores, com odores adocicados ou pungentes. Os de maior utilização pelo setor de cosméticos são os seguintes:
• Alcoóis: grupo funcional em que se destaca o álcool etílico (etanol), substância volátil e inflamável. É utilizado na formulação de perfumes e para operações de limpeza.
Os solventes orgânicos apresentam periculosidade em maior ou menor grau, com riscos ocupacionais e ambientais, além de alto grau de inflamabilidade, sendo que incêndios envolvendo acetatos costumam ser especialmente difíceis de controlar apenas com água, demandando métodos especiais de extinção.
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Isso sugere a necessidade de uma análise mais aprofundada sobre os riscos de acidentes envolvendo incêndios e explosões com conseqüências sobre a população do entorno e o meio ambiente.
Para tanto, é interessante a implantação de metodologias de gerenciamento de riscos sempre que a empresa utilizar ou estocar solventes em quantidades significativas. Nesses casos é necessário que a empresa atente para as normas e procedimentos referentes ao armazenamento de produtos perigosos, inflamáveis e combustíveis. Nos casos em que for aplicável, realizar estudos e/ou a implementação de programas de gerenciamento de riscos, segundo a norma CETESB P 2.461- Manual de Orientação para Elaboração de Estudos de Análise de Risco.
Uma vez que se trata de compostos de cadeias de carbono de baixo peso molecular (até C12), a maioria desses solventes orgânicos flutua na água. Quando lançados com os efluentes líquidos, trazem risco de efeitos tóxicos agudos ao ambiente. Os organismos aquáticos são os mais vulneráveis, uma vez que absorvem esses contaminantes pelos tecidos, brânquias, por ingestão direta da água ou de organismos contaminados. Solventes aromáticos, como o tolueno, são resistentes à degradação por via microbiológica, e bastante persistente no ambiente. São fortemente absorvidos pelos sedimentos, neles permanecendo por muitos anos.
Os efeitos ocupacionais dos solventes ocorrem pela inalação de vapores e fumos, sendo irritantes aos olhos e à mucosa .A opção de destino final destes solventes pós-uso (sujos) ou suas borras deve necessariamente ser acompanhada e aprovada pelo Órgão de Controle Ambiental competente.
Emissões Atmosféricas
Os principais problemas de emissões atmosféricas do setor de cosméticos estão relacionados à emissão de material particulado e substâncias odoríferas. A geração de material particulado está ligada às operações de moagem/micronização e envase nas linhas de talcos, pós descolorantes, maquiagem em pó e similares. O material em suspensão pode causar doenças ocupacionais e/ou contaminação ambiental.As emissões de substâncias odoríferas podem ser geradas nas operações de armazenamento, transferência e manuseio de matérias-primas e produtos auxiliares, bem como durante o processo produtivo ou no envase. Podem apresentar riscos à saúde, além de possuírem um grande potencial de incômodos à vizinhança da unidade industrial.
Esses efeitos podem ser atenuados pela adoção de medidas como o enclausuramento dos processos produtivos e a instalação de sistema de ventilação local exautora associada a equipamentos de controle de poluição atmosférica, além do uso de EPI’s adequados pelos funcionários.
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Conclusão
Por todo exposto, conclui-se que o trabalho de químicos e perfumistas no estudo dos óleos essências engloba além das pesquisas de matérias primas, elaboração das notas e classificação do perfume, tem trazido grande contribuição ao meio ambiente a produção fragrâncias sintéticas uma vez que, possibilita preservar fontes de matéria-prima como plantas e animais em risco de extinção, além baratear o custo final do produto. É importante também considerar as tendências do público alvo para atender ao mercado consumidor, ressaltando que o mercado de perfumes tem bom crescimento anual,sendo perfume artigo de presente muito comum entre toda população, e também encontramos fragrâncias em vários produtos de limpeza o que se enquadra no setor de saneantes,entretanto não podemos deixar de citá-los.
Sem dúvida o perfume deve ser analisado e tratado minuciosamente, pois sua constituição é feita baseada nos detalhes. Sendo que estes detalhes variam desde o tipo de extração para chegar ao óleo, até o produto aplicado e embalado. Qualquer erro mínimo em qualquer etapa dos processos, seja até mesmo um pequeno deslize na pesagem de uma matéria prima presente em uma fórmula de 80 itens, pode repercutir no resultado final do qual deseja se alcançar.
Todo processo de produção industrial deve atender aos órgãos regulamentadores do setor, e seguir uma política ambiental adequada tentando causar o menor impacto ambiental possível, uma vez que as lideres do setor nacional focam o marketing em questões ambientais em suas campanhas constantemente.

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